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As ciências que englobam o treinamento esportivo evoluíram muito nos últimos 30/ 40 anos. Uma das principais alavancas para essa evolução foram os anos em que o mundo ficou dividido entre países socialistas/ comunistas e capitalistas; esse período histórico ficou conhecido como Guerra Fria. Nessa época os países de cada um desses blocos do mundo queriam mostrar sua superioridade, e o esporte era um meio para isso. E para que as medalhas viessem, várias pesquisas dentro das áreas de fisiologia do exercício, metodologia do treinamento, psicologia esportiva, tecnologias para melhorar os materiais utilizados nos esportes, entre outras, foram realizadas. No entanto, algo que dificilmente é relatado em pesquisas ou simples artigos como esse, é a importância do diálogo entre treinador e atleta. Essa via de mão dupla é e sempre será um dos maiores diferenciais para a evolução dentro do esporte. E aí, você tem se comunicado o suficiente com seu treinador?

Shane Sutton, head coach da equipe Sky, conversa com Bradley Wiggins.

Iniciando o treinamento Geralmente o programa de treinamento de uma pessoa começa com uma conversa (ao vivo ou on-line) com seu treinador. Durante essa conversa treinador e atleta dialogam sobre diferentes assuntos: esporte que se pretende treinar; tempo de experiência; objetivos; calendário de provas; histórico de saúde do atleta; tipo de profissão que o atleta exerce; nível de exaustão sentido ao longo do dia de trabalho, compromissos que excluem a possibilidade de treinar ao longo do ano;  etc. Quanto mais informações o técnico tiver sobre o atleta, mais ele poderá  ajudá-lo, mais “individualizado” ou personalisado será seu programa de treinamento. Ao longo do treinamento Você que agora lê este artigo e está pensando: “por que será que meu rendimento não está melhorando, mesmo treinando todos os dias, no mínimo 2h30 por dia?” Nossa intenção não é responder a essa pergunta tecnicamente aqui, mas sim ajudá-lo a entender como é importante você ter um treinador e se comunicar com ele, principalmente essa segunda parte: se comunicar com seu treinador! Imagine que você recebeu sua planilha e nela há cinco dias de treinos; três desses treinos são com intensidade alta e ocupam 75% do tempo total do treino; um outro treino é de 4h de duração com intensidade moderada; o outro treino é um regenerativo. Se depois do terceiro dia de treino, já tendo feito o treino regenerativo, você se sentisse extremamente cansado, sem forças para realizar o quarto treino, qual seria sua atitude? Descansaria por conta própria, faria o outro treino, mesmo cansado, ou entraria em contato com seu treinador? Se escolheu a terceira opção, sem dúvidas se ajudaria na melhora de sua performance. Os treinadores buscam sempre acertar ao máximo nas cargas dos treinos, mas podem às vezes super ou subestimar o grau de dificuldade dos treinos. O atleta tem que ficar atento a esses detalhes, tem que se conhecer para poder ajudar o seu treinador a “desenhar” seu programa de treinamento da forma mais próxima possível das suas necessidades. Abaixo selecionamos algumas dicas para você aproveitar ao máximo o serviço oferecido pelo seu treinador:

  1. Faça das conversas com seu treinador uma prioridade dentro do programa de treinamento. Quanto mais informações sobre seu estado físico, emocional, nutricional etc você passar para seu treinador, mais elementos ele terá para montar seus treinos.
  2. Faça anotações em sua planilha de treinamento. Você tem uma planilha que consulta para realizar seus treinos, certo? Pois então, faça algumas anotações sobre cada treino em frente à sua data relativa. Essas anotações ajudam muito o seu treinador a saber como foi o seu treino e saber se dá ou não continuidade ao planejado.
  3. Conte a seu treinador quais são seus treinos favoritos. Sua motivação é muito importante para que você continue treinando e fazendo isso com qualidade. Portanto, diga a seu treinador quais são seus treinos preferidos, pois assim ele lhe ajudará a ficar sempre louco de vontade para montar na bike ou fazer aqueles exercícios de fortalecimento!
  4. Se você está achando seus treinos muito leves, conte a seu treinador. Os estímulos que você recebe nos treinos devem levar seu corpo a realizar adaptações para suportá-los. Dessa forma, se os exercícios que tem feito são leves demais, você não sofrerá adaptações, ou seja, não terá uma melhora em sua performance.
  5. Tenha objetivos claros e possíveis de realizar. Treinar sem objetivo é como sair pedalando sem ter para onde ir. Pedalar por pedalar é válido, desde que você não tenha objetivos competitivos(!). Você que quer melhorar sua performance, tem que ter seus objetivos claros, principalmente para você! E uma forma inteligente de otimizar a busca desses objetivos, é deixá-los anotados num lugar que você sempre os visualize. Anote seus objetivos numa planilha e cole-os na parede de seu quarto, ao lado de sua cama, na sua mesa de trabalho, fundo de tela do computador… Seja razoável em seus objetivos para não se frustrar. Será que agora é hora de pensar em ganhar ou chegar entre os top 5 nas provas daquele campeonato? Procure se conhecer muito bem antes de estabelecer objetivos.
  6. Siga o plano de treinos que recebe de seu treinador. Por horas seu treinador quebrou a cabeça para montar cada exercício de sua planilha! Será que vale a pena você ignorar o trabalho que ele teve para seguir algo incerto? Se estiver em dúvida em relação aos treinos, leia a dica número um novamente.
  7. Envie os arquivos de seus treinos para seu treinador. Se você tem um dispositivo como Garmin e utiliza a frequência cardíaca ou a potência – no caso de possuir um medidor de potência – como indicadores de intensidade, envie diariamente os arquivos de seus treinos para seu treinador. A análise desses arquivos otimiza a elaboração dos futuros treinos e possibilita, entre outras coisas, observar se a carga de treinamento está sendo imputada da forma desejada.

No mais, aproveite seus treinos, entenda seu treinamento como um processo a médio e longo prazo. O pensamento que nos faz crer que os resultados expressivos estão próximos, geralmente nos leva à frustração rápida também: é como você ir a uma aula de bateria querendo aprender na primeira aula a fazer um solo como o Neil Peart, baterista da banda Rush. É choro na certa! Aprenda a ter prazer enquanto pedala, assim seus objetivos principais vão ser alcançados e você não terá tido as idas e voltas para os treinos que grande parte dos ciclistas têm.